sexta-feira, 5 de julho de 2019

Livros Hebraicos perdidos?

Teriam 70 Livros desaparecido da Bíblia Hebraica?

O Cânon da Bíblia Hebraica
A Bíblia Hebraica, compilada pelo povo judeu, tem exatamente o mesmo conteúdo do Antigo Testamento das Bíblias do cânon protestante.
A divisão não é a mesma. Na contagem judaica, há 24 livros. Isso ocorre porque alguns livros foram divididos em dois pelos cristãos para facilitar a cópia, a saber, Samuel, Reis, Crônicas e Esdras/Neemias. Além disso, os 12 profetas menores, na versão judaica, eram todos escritos num único volume, o que aconteceu para evitar que se perdessem devido a serem livros curtos.
Por essa razão, a contagem judaica chega a 24 volumes, enquanto a cristã protestante chega a 39. Mas, conforme dito anteriormente, o conteúdo é fundamentalmente o mesmo. Essa informação será relevante para o restante desse artigo.
Uma Obra Esquecida
Por muitos séculos, as Bíblias Protestantes também incluíam um volume à parte, que continha os livros chamados de Apócrifos. Isto é, livros que em algum momento e em alguma comunidade foram considerados sagrados, mas que não eram considerados canônicos pelo povo judeu.
Alguns desses livros foram mantidos pelos grupos religiosos que seguem o cânon da Septuaginta, tais como a Igreja Católica Romana e sua contraparte oriental, a Igreja Católica Ortodoxa.
Mas há outros livros que não tiveram a mesma sorte e foram excluídos até mesmo de tais volumes.
Dentre esses livros, há uma série de livros atribuídos a Esdras, compilados num volume chamado “2 Esdras”. Algumas dessas obras são de autoria cristã e bem recentes, mas uma obra em particular – chamada 4 Esdras – foi escrita por um judeu à época do Segundo Templo. Mas especificamente, logo após sua destruição.
E esse livro contém uma informação surpreendente, que poderia para sempre alterar tudo o que se conhece sobre a Bíblia Hebraica.
O prof. Michael E. Stone, de Religião Comparada, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma acerca da obra:
“O livro vem da última década do primeiro século d.e.c. e foi composto em reação à destruição de Jerusalém por roma em 70 d.e.c. Sua primeira preocupação, portanto, é entender esse evento traumático.”
O Trecho Misterioso
Mas, o que realmente nos surpreende acerca desse livro, é um trecho que transcrevo abaixo, na íntegra:
“E o Altíssimo deu entendimento a cinco homens. E alternadamente escreveram o que foi ditado, em caracteres que não conheciam. Eles se sentaram por quarenta dias e escreviam durante o dia e comiam o seu pão à noite.
Quanto a mim, falava durante o dia e não me calava à noite. Então durante quarenta dias noventa e quatro livros foram escritos. E quando os quarenta dias foram concluídos, o Altíssimo falou a mim, dizendo: “Torna públicos os vinte e quatro livros que primeiro escreveste e deixa que os dignos e os indignos os leiam; mas preserva os setenta últimos que foram escritos, para que sejam dados aos sábios de teu povo. Pois neles está a fonte do entendi mento, a fonte da sabedoria e o rio do conhecimento.” E assim eu fiz.” (4 Esdras 14:42-48)
Evidentemente, a narrativa é figurativa. Porém, o autor faz uma afirmação bastante curiosa e ousada: Além dos 24 livros da Bíblia Hebraica, que foram dados para conhecimento popular, haveria ainda mais 70 livros, que foram disponibilizados apenas para os sábios de Israel.
O problema? Ninguém no meio judaico tem conhecimento de que obras sejam essas.
Há, portanto, duas possibilidades: A primeira, que o autor de 4 Esdras tenha inventado a história dos 70 livros. O que não estaria claro, nesse caso, seria o propósito de tal coisa.
A segunda é que realmente os 70 livros tenham existido. Mas, se existiram, a que grupo pertenciam? Qual era o seu conteúdo? E, por fim, perderam-se de forma natural ou foram eliminados por algum motivo específico?
Há quem especule que ainda haja nos cofres do Vaticano muitas obras que foram coletadas desde ainda os tempos do Império Romano. Mas, ninguém de fato pode ter certeza.
Outro fato curioso é a escrita em idiomas desconhecidos. Isso implica numa ideia de que seriam coisas que estariam além do conhecimento do povo àquela época, seu conteúdo acessível somente aos que tivessem adquirido sabedoria.
Seria esse enfoque num público mais seleto a razão pela qual tais obras foram excluídas?
Conclusão Herege
O autor herege acha pouco provável que o autor de 4 Esdras tenham inventado a história de livros adicionais, disponibilizados somente aos sábios.
Seriam, porém, essas obras uma unanimidade entre os sábios de Israel, ou específicos de um dado segmento ou seita judaica? Talvez a segunda hipótese seja a mais provável.
Por fim, o autor herege faz votos de que um dia os arquivos do Vaticano se tornem disponíveis ao público para consulta. Certamente isso mudaria muito de nossa história.
Para os padrões atuais, manter tais obras longe do olhar público é um crime contra a humanidade. Tal como a Igreja Católica já soube rever posicionamentos históricos e tomar atitudes muito louváveis – como o pedido de perdão do papa João Paulo II no Muro das Lamentações pelo extermínio de judeus – esse é um passo importante, que o autor herege espera ver em vida.
Bibliografia
MAYS, JAMES L. (Org.) Harper’s Bible Commentary. Nova Iorque: Harper & Row, 1988.
The Holy Bible 1611 Edition – King James Version. Hendrickson Publishers, 2006.


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